sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Por que o rico brasileiro é tão mesquinho?

FOTO1ok Por que o rico brasileiro é tão mesquinho?
Somos um país de escandalosos índices sociais. Não tenho dúvidas em considerar a disparidade abissal entre ricos e pobres como uma das principais razões, se não a principal, para que tenhamos esse cenário vergonhoso. Ao contrário do que pensa o senso comum e propagandeiam os governos, sejam eles do PT, PSDB ou PXO, ainda somos um país pobre. Dormindo em berço esplêndido, mas pobre.
Podemos estar entre as maiores economias do mundo, mas a riqueza precisa ser dividida com mais de 200 milhões de pessoas. Quando olhamos o que nos sobra nesse latifúndio é que vemos o nosso tamanho real. Temos uma renda per capita bem abaixo de países pequenos como Líbano e Portugal, que, em outros tempos, mandavam levas e levas de miseráveis para cá em busca de uma vida melhor. E nem vou citar os pequenos gigantes, como Holanda, Dinamarca e Suíça, porque, aí, já é covardia.
Mais de 40 Réveillons já foram vividos desde que o economista Edmar Bacha cunhou a expressão "Belíndia". Nesse país imaginário, uma porção pequena vivia docemente - a Bélgica - cercada por uma imensa horda de indigentes - a Índia. Os militares queriam que o bolo crescesse para começar a ser dividido. O bolo até cresceu, mas nunca foi dividido.
Sou um otimista inquebrantável, e tenho certeza que um dia todos vão comer desse bolo, mas enquanto esse dia não chega, precisamos distribuir melhor o pouco que temos.
Não podemos jantar alegremente nos restaurantes num país em que um salário minimo de pouco mais de R$ 720 reais é comemorado efusivamente. Qual a qualidade de vida que se pode ter com esse dinheiro? Não vou discutir se foi o possível ou se a presidente Dilma está fazendo o que pode, quero apenas destacar o quanto é patética tal comemoração.
E diante de um quadro desse, como agem os que têm mais? A classe média que se esbalda nos shoppings de Miami acredita que estamos a um passo do paraíso. O real valorizado gerou uma fantasia. De uma hora para outra, acordamos todos japoneses. Mas, acreditem, é apenas o bairro da Liberdade, em São Paulo.
E os realmente ricos o que fazem? Não fazem. Vivem numa redoma, insensíveis à legião de miseráveis que bate à porta.
Acabo de ler na Folha que milionários americanos doaram US$ 3,4 bilhões para instituições de caridade em 2013. Só o criador do Facebook, Mark Zucherberg, e sua mulher doaram US$ 992,2 milhões. Isso mesmo. O rapaz que tem apenas 29 anos já destinou quase dois bilhões e meio de reais da sua fortuna para ajudar os que ocupam o andar de baixo. Quando Eike Batista era o Eike Batista sempre esperei uma atitude dessas. Mas, como disse antes sou um otimista inveterado.
Vamos fazer uma conta simples. Com mil reais mensais, podemos sustentar e darmos estudo para qualquer criança. Se fizermos isso com mil, teremos um gasto de um milhão de reais por mês e 12 milhões por ano. Com esse dinheiro de pinga para milionários, poderíamos tirar das nossas praças e ruas mil menores, que um dia, provavelmente, vão cobrar a sua parte de maneira menos civilizada.
Mais do que generosidade, é sinal de inteligência. Dar tão pouco agora, para não perder muito no futuro.
Jorge Paulo Lemman, Marcel Telles e Beto Sicupira estão comprando o mundo. Mas, o que estão fazendo para mitigar a miséria no país onde fizeram fortuna e onde ficam mais ricos a cada bebedeira dessa rapaziada que já perdeu a esperança?
Lemman, Telles e Sicupira não são os únicos. Só me referi a eles porque são os mais incensados do momento. Os espelhos a serem seguidos. Viraram a cara do nosso empresariado. E são isso mesmo. Para o bem e para o mal.

Por Domingos Fraga do r7.com

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